sexta-feira, 10 de abril de 2015

MAURO RAMOS CABRAL E O BAR CRISTAL

     
     Mauro Ramos Cabral, nasceu em 28 de maio de 1928, na cidade de Orizona Go. Filho de Marciano Ramos Cabral e Maria da Costa Cabral. Teve cinco irmãos: Clovis Ramos Cabral, Marciano Ramos Cabral filho, Aurora Ramos Cabral, Zilda Ramos Cabral e Glaci Ramos Cabral. (de outra mãe). O Pai então viúvo casou-se com Miracema Marçal Cabral, e não tiveram filhos.
         A formação escolar do Sr Mauro se ateve ao curso primário estudando com a irmã, que na época era professora em colégio público de Jandaia Go, fato que não o impediu de desenvolver  talentos especiais para o comercio, com destaque no ramo dos negócios do garimpo. 
         A trajetória do seu Mauro até Luziânia é recheada de aventuras, como nos conta: “Em 1941 meu pai Marciano Cabral viajou de Jandaia (antiga Água limpa) para Goiânia e ali manteve contato com o governador Pedro Ludovico Texeira. Ele foi pedir ao governador que o transferisse para outra região, pois na época era subprefeito em jandaia. O governador ofereceu Sitio da Abadia, e ele recusou, pois era longe, ofereceu Planaltina, não quis, ofereceu Catalão, achou longe, e ofereceu Cristalina, aceitou. E em 28 de maio de 1942 chegamos a Cristalina.” 
        Em 1946, Sr Mauro conheceu Josefina Fernandes Cabral, natural de São Domingos Go, e que foi criada em Planaltina, ela era filha de Coranila Amélia de Oliveira e pai, provavelmente um baiano desconhecido do Sr Mauro. No dia 10 de agosto de 1946, eles casaram-se na Igreja Matriz de Cristalina, e deste casamento tiveram dois filhos, Arnaldo Ramos Cabral e Ivete Ramos Cabral. 
       Na década de cinqüenta, os rumores da mudança da capital já era pressentindo pela família do Sr. Mauro.  Seu pai ouviu no radio sobre um comício de Jk em Jataí e que um rapaz no comício  pediu uma parte a Juscelino,  concedido a parte, o rapaz perguntou sobre a mudança da capital federal para o centro oeste. Não me lembro o que o presidente respondeu para o rapaz, comenta Sr, Mauro, afirmando que hoje sabemos se referir ao Toniquinho Jk e dito e feito aconteceu a mudança da capital em 1956. 
       Nessa época, houve grande afluxo de pessoas para região de Brasília, especialmente para o Núcleo Bandeirante, que se chamava Cidade Livre. “Ali montei um bar e restaurante.” Sr. Mauro nos conta como foi a origem deste empreendimento: “Foi em 1957. Eu e um amigo motoqueiro (Manir Miguel) , ele ganhou um lote e eu não ganhei. Vendemos as motos e construímos um barracão na avenida central, onde montamos o bar e restaurante Cristal. Dai com o movimento nos compramos caminhões  e os fichamos na Novacap”. 
     Os empreendimentos do Sr. Mauro não pararam por ai.  Sr. Mauro montou um bar no casarão (alugado), em Luziânia, o imóvel pertenceu ao Sr Benigno Antônio da Silva, e o negocio prosperou.  Ele nos conta que: “Vendi os dois caminhos usados. Sendo que um eu recebi o outro fui vitima de um golpe e não recebi. Comprei um lote em frente, ao antigo bar, na rua do vai-e-vem e construí o famoso “Bar Cristal”, em 9 de maio de 1962, data da sua inauguração.” E o nome do bar, SR Mauro tem motivos e justificativas para nos convencer da sua importância na paisagem. “Fui garimpeiro em cristalina, trabalhei na rua capinando, limpando lotes vazios, daí passei a comprar e vender cristal, e foi uma espécie de auto-homenagem a minha historia de vida.” Na frente do bar Sr Mauro colocou uma enorme pedra de Cristal e cuja pedra tem uma origem e especificidade, “A pedra que instalei em frente ao bar, se tornou cartão postal do bar e veio do garimpo de Jatobá em Cristalina Go.”

         Sr Mauro guarda na lembrança muitos eventos e personagens ligados ao Bar Cristal, pois mantinha um carinho especial por um personagem da historia de Luziânia que freqüentava assiduamente o Bar, esta figura se refere ao Sr Paquinha.  Sr Mauro lembra do saudoso Paquinha e nos diz que, “Ele vestia terno preto, vinha no bar todo dia e eu fornecia alimentação pra ele, e quando chegava um bêbado no bar eu botava o paquinha pra correr com ele, assim o Paquinha se  tornou uma espécie de guardião do bar.”  
        Sr Mauro Cabral ficou muito conhecido em Luziânia através das serenatas que fazia pelas ruas da cidade, em altas horas da madrugada utilizando um saxofone dourado; Este instrumento era afinado em frente a Igreja do Rosário. E assim ele nos fala dessa arte, “Sempre gostava de tocar e comecei a fazer estas serenatas, principalmente nas madrugadas de domingo para segunda, e onde passava era bem recebido, as pessoas tinham o costume de ascender às luzes da residência em agradecimento a serenata.” 
          Sr. Mauro nos fala da influencia que recebeu do seu pai no envolvimento com a música.  “Meu pai era maestro e compositor da banda Euterpe de Cristalina, isso por volta de 1945, e aprendi a tocar com ele, e também minhas irmãs e muitos cidadãos de cristalina, e todos da foto que ilustra esta entrevista”, Ele retira do baú, uma foto muito antiga que guarda com muito carinho e cita o nome das pessoas.  Ao comentar a foto ressalta um fato que aconteceu com a irmã Zilda Cabral e nos conta que: “Foi numa apresentação musical em ocasião do aniversario do Jóquei Clube de Paracatu em 1946. Na época ela tocava de ouvido e até hoje, e com o abandono do musico que tocava requinta (clarineta pequena) a minha irmã substituiu o musico a pedido do meu pai que ficou surpreso com a execução dos dobrados executados por ela”.  
         Sr. Mauro lembra como se fosse ontem o movimento no bar cristal e cita o nome de pessoas ilustres que freqüentaram o seu bar. Cita o nome do senador Mauro Borges, e a sociedade tradicional de Luziânia, principalmente o Sr. Dito Melo e Antonio Melo, pois o bar se tornou um ponto de referencia e encontro na cidade. 
       Ao perguntar para o Sr. Mauro porque ele parou com as serestas ele nos responde, “Meu amigo companheiro de violão Temistocles da Sucam, faleceu e resolvi parar com as serenatas. Fomos à Bahia umas três vezes... e a cidade de hoje não é mais a mesma. Naquele tempo não tinha perigo, hoje esta muito perigosa e não da mais pra fazer o que eu gosto que e uma boa serenata.” (Por: José Álfio e Mauro Ramos Cabral)