Mauro Ramos
Cabral, nasceu em 28 de maio de 1928, na cidade de Orizona Go. Filho de
Marciano Ramos Cabral e Maria da Costa Cabral. Teve cinco irmãos: Clovis Ramos
Cabral, Marciano Ramos Cabral filho, Aurora Ramos Cabral, Zilda Ramos Cabral e
Glaci Ramos Cabral. (de outra mãe). O Pai então viúvo casou-se com Miracema
Marçal Cabral, e não tiveram filhos.
A formação escolar do Sr Mauro se ateve ao
curso primário estudando com a irmã, que na época era professora em colégio público
de Jandaia Go, fato que não o impediu de desenvolver talentos especiais para o comercio, com
destaque no ramo dos negócios do garimpo.
A trajetória do seu Mauro até
Luziânia é recheada de aventuras, como nos conta: “Em 1941 meu pai Marciano
Cabral viajou de Jandaia (antiga Água limpa) para Goiânia e ali manteve contato
com o governador Pedro Ludovico Texeira. Ele foi pedir ao governador que o transferisse
para outra região, pois na época era subprefeito em jandaia. O governador ofereceu
Sitio da Abadia, e ele recusou, pois era longe, ofereceu Planaltina, não quis,
ofereceu Catalão, achou longe, e ofereceu Cristalina, aceitou. E em 28 de maio
de 1942 chegamos a Cristalina.”
Em 1946, Sr Mauro conheceu Josefina Fernandes
Cabral, natural de São Domingos Go, e que foi criada em Planaltina, ela era
filha de Coranila Amélia de Oliveira e pai, provavelmente um baiano
desconhecido do Sr Mauro. No dia 10 de agosto de 1946, eles casaram-se na
Igreja Matriz de Cristalina, e deste casamento tiveram dois filhos, Arnaldo
Ramos Cabral e Ivete Ramos Cabral.
Na década de cinqüenta, os rumores da
mudança da capital já era pressentindo pela família do Sr. Mauro. Seu pai ouviu no radio sobre um comício de Jk
em Jataí e que um rapaz no comício pediu
uma parte a Juscelino, concedido a
parte, o rapaz perguntou sobre a mudança da capital federal para o centro
oeste. Não me lembro o que o presidente respondeu para o rapaz, comenta Sr,
Mauro, afirmando que hoje sabemos se referir ao Toniquinho Jk e dito e feito
aconteceu a mudança da capital em 1956.
Nessa época, houve grande afluxo de
pessoas para região de Brasília, especialmente para o Núcleo Bandeirante, que
se chamava Cidade Livre. “Ali montei um bar e restaurante.” Sr. Mauro nos conta
como foi a origem deste empreendimento: “Foi em 1957. Eu e um amigo motoqueiro
(Manir Miguel) , ele ganhou um lote e eu não ganhei. Vendemos as motos e
construímos um barracão na avenida central, onde montamos o bar e restaurante
Cristal. Dai com o movimento nos compramos caminhões e os fichamos na Novacap”.
Os empreendimentos
do Sr. Mauro não pararam por ai. Sr. Mauro
montou um bar no casarão (alugado), em Luziânia, o imóvel pertenceu ao Sr
Benigno Antônio da Silva, e o negocio prosperou. Ele nos conta que: “Vendi os dois caminhos
usados. Sendo que um eu recebi o outro fui vitima de um golpe e não recebi.
Comprei um lote em frente, ao antigo bar, na rua do vai-e-vem e construí o
famoso “Bar Cristal”, em 9 de maio de 1962, data da sua inauguração.” E o nome
do bar, SR Mauro tem motivos e justificativas para nos convencer da sua importância
na paisagem. “Fui garimpeiro em cristalina, trabalhei na rua capinando,
limpando lotes vazios, daí passei a comprar e vender cristal, e foi uma espécie
de auto-homenagem a minha historia de vida.” Na frente do bar Sr Mauro colocou
uma enorme pedra de Cristal e cuja pedra tem uma origem e especificidade, “A
pedra que instalei em frente ao bar, se tornou cartão postal do bar e veio do
garimpo de Jatobá em Cristalina Go.”
Sr Mauro guarda na
lembrança muitos eventos e personagens ligados ao Bar Cristal, pois mantinha um
carinho especial por um personagem da historia de Luziânia que freqüentava
assiduamente o Bar, esta figura se refere ao Sr Paquinha. Sr Mauro lembra do saudoso Paquinha e nos diz
que, “Ele vestia terno preto, vinha no bar todo dia e eu fornecia alimentação
pra ele, e quando chegava um bêbado no bar eu botava o paquinha pra correr com
ele, assim o Paquinha se tornou uma
espécie de guardião do bar.”
Sr Mauro Cabral
ficou muito conhecido em Luziânia através das serenatas que fazia pelas ruas da
cidade, em altas horas da madrugada utilizando um saxofone dourado; Este
instrumento era afinado em frente a Igreja do Rosário. E assim ele nos fala
dessa arte, “Sempre gostava de tocar e comecei a fazer estas serenatas,
principalmente nas madrugadas de domingo para segunda, e onde passava era bem
recebido, as pessoas tinham o costume de ascender às luzes da residência em
agradecimento a serenata.”
Sr. Mauro nos fala da influencia que recebeu do seu
pai no envolvimento com a música. “Meu
pai era maestro e compositor da banda Euterpe de Cristalina, isso por volta de
1945, e aprendi a tocar com ele, e também minhas irmãs e muitos cidadãos de
cristalina, e todos da foto que ilustra esta entrevista”,
Ele retira do baú, uma foto muito antiga que guarda com muito carinho e cita o
nome das pessoas. Ao comentar a foto
ressalta um fato que aconteceu com a irmã Zilda Cabral e nos conta que: “Foi
numa apresentação musical em ocasião do aniversario do Jóquei Clube de Paracatu
em 1946. Na época ela tocava de ouvido e até hoje, e com o abandono do musico
que tocava requinta (clarineta pequena) a minha irmã substituiu o musico a
pedido do meu pai que ficou surpreso com a execução dos dobrados executados por
ela”.
Sr. Mauro lembra como se fosse
ontem o movimento no bar cristal e cita o nome de pessoas ilustres que
freqüentaram o seu bar. Cita o nome do senador Mauro Borges, e a sociedade
tradicional de Luziânia, principalmente o Sr. Dito Melo e Antonio Melo, pois o
bar se tornou um ponto de referencia e encontro na cidade.
Ao perguntar para o
Sr. Mauro porque ele parou com as serestas ele nos responde, “Meu amigo companheiro
de violão Temistocles da Sucam, faleceu e resolvi parar com as serenatas. Fomos
à Bahia umas três vezes... e a cidade de hoje não é mais a mesma. Naquele tempo
não tinha perigo, hoje esta muito perigosa e não da mais pra fazer o que eu
gosto que e uma boa serenata.” (Por: José Álfio e Mauro Ramos Cabral)