Jorge Miguel Salomão
Nasceu em 27 de Janeiro de 1898
Na cidade de Safita, Síria, e faleceu em Goiânia no dia 23 de novembro de 1983.
Sr. Jorge Miguel Salomão chegou ao Brasil com apenas 14 anos, na incumbência de
trazer a irmã Sucena, esposa do Sr. Elias Abdom, que já se encontrava residindo
no Brasil com a filha Isaura Elias Salomão esposa de Felipe.
Segundo nos conta o Sr. Nazir Salomão, “Ele
desembarcou em Santos SP, e de lá foi para Catalão Go e ficou uma temporada na
casa de um comerciante por nome de Calixto, tempos depois mudou-se para Formosa
Go. E rumo a Luziânia montado num cavalo baio, desceu a rua do velho rosário,
passou pela praça da matriz, adentrando a Rua do Santíssimo Sacramento, quando
na altura da casa erguida ao lado do velho sobrado do Sr. Josué da Costa
Meireles, avistou a mulher mais bela do lugar, aquela que seria sua companheira
para o resto da vida.”
No dia 11 de setembro de 1918, Sr. Jorge Miguel Salomão
casou-se com Adélia Elias dos Reis. Ela nasceu em 19 de janeiro de 1901 e faleceu
em 23 de setembro de 1979. Adélia era filha de Militão Elias dos Reis e
Ernestina da Costa Meireles. Importante notar que foram testemunhas do
casamento o Sr. Evangelino Meireles e o Sr. Angelino Alves Roriz. Do casamento
tiveram 12 filhos: Síria Maria Brasil, Nazira Miguel Ezin, Maria Salomão
Gonçalves, Lurdes Salomão, Miguel de Jesus Salomão, Nazir Salomão, Hernestina
da Costa Salomão, Milton Salomão, Crotildes Dib Salomão, Neide Dib Salomão,
Ilda Dib Salomão, Nilda Dib Salomão.
Sr. Jorge Miguel Salomão foi um importante
comerciante na cidade de Luziânia e manteve por muitos anos uma loja de
comercio de tecidos e especiarias, na praça da matriz, ao lado da residência do
fundador de Luziânia Antonio Bueno de Azevedo. A casa comercial do Sr Jorge Miguel
Salomão vendia de tudo, de tecido a sal, como nos conta o Sr. Nazir. “ Meu pai
começou a atividade comercial como “mascate”, espécie de vendedor ambulante, e
levava mercadoria até para o Norte de Goiás, e outros lugares distantes”.
Sr. Nazir nos conta de um episódio envolvendo
o pai e os indígenas que habitavam o norte de Goiás. “Foi num momento de descanso,
depois de percorrer longo trajeto no lombo de animais com variadas peças de mercadorias
parou para descansar a sombra de uma frondosa árvore, e logo dormiu. A esperteza
e a traquinagem de alguns índios que rondavam o acampamento interromperam o
sono dele. Os índios tinham colocado o corpo de um gato do mato, sobre o tórax dele
e com o peso do bicho acordou com um grande susto, arremessando o gato pra
longe.”
O exemplo da mãe, Cândida influenciou sobremaneira os costumes do Sr
Jorge Miguel Salomão. “A Sra Cândida, minha avó possuía um moinho de pedra, lá
em Safita, com o qual produzia farinha de trigo, e toda quinta-feira,
distribuía trigo aos pobres do lugar. Assim procedeu meu pai, por estas
paragens aqui do Goiás. Toda quinta-feira Santa distribuía tecidos e iguarias
aos pobres da antiga Santa Luzia.”
Sr. Jorge era rigoroso com a organização das
mercadorias nas prateleiras da loja, como nos conta Sr Nazir “ele não gostava
que os filhos mexessem na organização da loja, pois sabia o lugar de todos os
componentes da loja, inclusive com o preço, se chegasse uma mercadoria nova, o
estoque antigo mantinha o mesmo preço”.
Sr Jorge mantinha certo rigor nas
transações comerciais e não gostava de dar descontos, um episodio com o vizinho
José de Souza, rico fazendeiro do Vão dos Angicos, hoje Padre Bernardo ilustra
bem este posicionamento. “O Senhor José de Souza se dirigiu ao comercio do meu
pai para comprar um tecido, corte de calça. O meu pai não se encontrava na
loja, pois estava no quintal retirando o capim que invadia as plantas. O
freguês foi atendido por minha mãe que de pronto elevou o preço da mercadoria e
concedeu desconto ao cliente, que saiu satisfeito da loja. Comunicado o sucesso
da negociação com o antigo e relutante freguês, o meu pai ficou furioso e não
gostou do negocio.”
Sr Jorge era afeiçoado ao jogo de baralho, e freqüentava constantemente
a residência de Moises fogueteiro, que ficava na antiga rua bate-couro no
bairro do rosário para uma partida de carteado juntamente com o prefeito e
varias autoridades e comerciantes da cidade. “Foi quando a policia da capital
veio para Luziânia reprimir o jogo e prender os participantes, naquela época o
então secretario de justiça Jesuino Artiaga passou com uma comitiva de
integrantes dos jogos com destino a cadeia publica de Luziânia, que ficava
perto da praça da matriz, onde hoje está instalado o posto de Gasolina Da
terra. A minha mãe preocupada com o movimento dos policiais mandou que eu
chamasse o meu pai, que se encontrava na casa do Espiridião Calixto, no casarão
da Gráfica, que ficava na antiga rua do santíssimo sacramento. Avisado do
acontecido, comuniquei ao Sr. Jorge e ele, já em casa, pegou uma cadeira e
ficou em frente ao estabelecimento comercial da praça da matriz assistindo com
tranqüilidade o desfecho dos acontecimentos e nada ocorreu com ele.”
Mais tarde
como forma de dar exemplo aos filhos, deixou de jogar baralho, de praticar o tabagismo
e também de jogar bilhar, atividades que tanto gostava de praticar “principalmente
quando freqüentava o bar e sorveteria do Sr Baltazar dos Reis que ficava na Rua
do Santíssimo Sacramento, (ali onde funcionou a loja do Sr. Karim na década 70),
este bar passou pro Zarico, que depois vendeu para “Zé picolé” pai do Dr. Walterson,
atual Secretário de Saúde de Luziânia. A loja do Sr Jorge foi doada aos filhos
Miguel Salomão e Milton Salomão, na década de sessenta. (Por José Álfio e Nazir
Salomão)