TAMBORIL, UM
PATRIMÔNIO PEDINDO SOCORRO
Aquela
árvore formosa e vicejante que embeleza a Praça Guimarães Natal, chamando atenção
dos visitantes, achava-se visivelmente em decadência. Não se sabe se devido ao
soterramento de suas raízes por uma camada de cascalho ou se por definhamento
causado por parasitas.
É
uma árvore quase secular e tem sua história para contar. O fazendeiro Deodato
da Costa Meireles, vendo em seu quintal uma vicejante muda dessa espécie,
madeira de lei de muita utilidade, convidou o seu vizinho Antônio de Araújo
Roriz, para transplantar a muda para ocupar o vazio da praça fronteira ás suas
residências.
Seu
Tonho Roriz não vacilou, empunhou sua enxada, abriu a cova, colocou adubo
orgânico de estrume de gado que havia bastante em frente ao curral do seu pai
Coronel Quinzinho, e levou avante o desejo do vizinho e parente Deodato
Meireles. Plantada a muda de Tamboril, com a devida técnica, ficou ainda seu
Tonho encarregado de regá-la, o que o fez com o devido carinho.
Isto
aconteceu no ano de 1903. Deodato faleceu em 1910, ainda sem poder ver a árvore
em plena pujança e o Senhor Tonho, que viveu até o ano de 1947, vendo o
Tamboril tão bonito tinha o justo orgulho de dizer “Esta árvore foi eu que
plantei”.
Em
1915, quando chegou em Santa Luzia o primeiro aparelho cinematográfico para
exibir seus filmes de cena muda, o circo de projeção foi armado à beira do
Tamboril, sendo deixados dois bancos toscos, que serviram para os seresteiros
da velha Santa Luzia, nas noites enluaradas cantarem as melodiosas modinhas ao
som do plangente violão, arrancando suspiros apaixonados das lindas
donzelas que residiam nas casas próximas
ao Tamboril. Os casais mais afoitos, na calada da noite, aproveitavam a sombra
da árvore para fazer juras de amor. Em 1963, quando do centenário de
emancipação da velha Santa Luzia, em movimentação de progresso, com a
sacudidela de Brasília, o acadêmico Néviton Carneiro Lobo, sugeriu que à
Prefeitura Municipal, sendo prefeito à época o saudoso prefeito Diogo Machado
de Araújo, a encher o Tamboril com lâmpadas multi-coloridas criando a mais bela
árvore de natal.
O
Tamboril, inspirou o ilustre Luziano, jornalista Brasileu Pires Leal a lançar o
livro Folclórico “A sombra do Tamboril”, descrevendo os costumes e hábitos da
gente da velha Santa Luzia. O jornalista Jarbas Silva Marque, escolheu a
epígrafe “Tamboril para uma das colunas municipais de seu “Jornal do Entorno”.
Ainda hoje à sombra do decadente Tamboril, estão os vendedores de pipocas,
refrescos e bugigangas dos camelôs.
O
tamboril, continua sendo benéfico à nossa Luziânia. Por esta razão é urgente
que a Prefeitura convide depressa algum entendido em Fitotecnia, a fim de estudar
as causas da decadência do velho Tamboril, para que ele continue a enfeitar a
nossa cidade como o faz a quase um século.
(Do livro: No Caminhar da História, Benedito de Araujo Melo, Athalaia Gráfica
e Editora, Brasília Df. 2000, pag.99 a 101. Transcrito por: José Álfio).
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