quarta-feira, 19 de agosto de 2015

TAMBORIL DE LUZIÂNIA GO


Foto: Marcos Antônio do Nascimento. 1973. Acervo: Filme negativo, da Ong-protegerlza

                  TAMBORIL, UM PATRIMÔNIO PEDINDO SOCORRO

                Aquela árvore formosa e vicejante que embeleza a Praça Guimarães Natal, chamando atenção dos visitantes, achava-se visivelmente em decadência. Não se sabe se devido ao soterramento de suas raízes por uma camada de cascalho ou se por definhamento causado por parasitas.
                É uma árvore quase secular e tem sua história para contar. O fazendeiro Deodato da Costa Meireles, vendo em seu quintal uma vicejante muda dessa espécie, madeira de lei de muita utilidade, convidou o seu vizinho Antônio de Araújo Roriz, para transplantar a muda para ocupar o vazio da praça fronteira ás suas residências.
                Seu Tonho Roriz não vacilou, empunhou sua enxada, abriu a cova, colocou adubo orgânico de estrume de gado que havia bastante em frente ao curral do seu pai Coronel Quinzinho, e levou avante o desejo do vizinho e parente Deodato Meireles. Plantada a muda de Tamboril, com a devida técnica, ficou ainda seu Tonho encarregado de regá-la, o que o fez com o devido carinho.
                Isto aconteceu no ano de 1903. Deodato faleceu em 1910, ainda sem poder ver a árvore em plena pujança e o Senhor Tonho, que viveu até o ano de 1947, vendo o Tamboril tão bonito tinha o justo orgulho de dizer “Esta árvore foi eu que plantei”.
                Em 1915, quando chegou em Santa Luzia o primeiro aparelho cinematográfico para exibir seus filmes de cena muda, o circo de projeção foi armado à beira do Tamboril, sendo deixados dois bancos toscos, que serviram para os seresteiros da velha Santa Luzia, nas noites enluaradas cantarem as melodiosas modinhas ao som do plangente violão, arrancando suspiros apaixonados das lindas donzelas  que residiam nas casas próximas ao Tamboril. Os casais mais afoitos, na calada da noite, aproveitavam a sombra da árvore para fazer juras de amor. Em 1963, quando do centenário de emancipação da velha Santa Luzia, em movimentação de progresso, com a sacudidela de Brasília, o acadêmico Néviton Carneiro Lobo, sugeriu que à Prefeitura Municipal, sendo prefeito à época o saudoso prefeito Diogo Machado de Araújo, a encher o Tamboril com lâmpadas multi-coloridas criando a mais bela árvore de natal.
                O Tamboril, inspirou o ilustre Luziano, jornalista Brasileu Pires Leal a lançar o livro Folclórico “A sombra do Tamboril”, descrevendo os costumes e hábitos da gente da velha Santa Luzia. O jornalista Jarbas Silva Marque, escolheu a epígrafe “Tamboril para uma das colunas municipais de seu “Jornal do Entorno”. Ainda hoje à sombra do decadente Tamboril, estão os vendedores de pipocas, refrescos e bugigangas dos camelôs.
                O tamboril, continua sendo benéfico à nossa Luziânia. Por esta razão é urgente que a Prefeitura convide depressa algum entendido em Fitotecnia, a fim de estudar as causas da decadência do velho Tamboril, para que ele continue a enfeitar a nossa cidade como o faz a quase um século.

(Do livro: No Caminhar da História, Benedito de Araujo Melo, Athalaia Gráfica e Editora, Brasília Df. 2000, pag.99 a 101. Transcrito por: José Álfio).

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