O TAMBORIL
Na tarde chuvosa de 1903,
achava-se o próspero fazendeiro Deodato da Costa Meireles em sua casa, quando
ali chegou seu vizinho e amigo Antônio de Araujo Roriz, para um bate-papo
gostoso, dizendo-lhe o primeiro, logo de entrada, o seguinte:
- “Tenho, no quintal, pequena
muda de Tamboril, que você poderia plantar, agora, na praça, aqui em frente,
atrás da Matriz, aproveitando a terra molhada, pois é uma planta que cresce
muito e, mais tarde, vai dar sombra acolhedora para muita gente”.
O visitante aceitou, de alma e
coração, a generosa oferta e, assim que a chuva amainou um pouco, cumpriu os
proféticos desejos do ofertante, prodigalizando à mudinha transplantada
desvelados carinhos, que consistiam em adubação adequada e cerca, para
defendê-la das dentadas destruidoras doa animais inconscientes.
Com o decorrer dos anos, a planta
foi crescendo, engrossando o tronco, dividindo-se em galhos e ramarias,
formando uma copa estupenda, de modo que é, hoje, um colossal monumento
vegetal, com a circunferência de oito metros, na parte mais grossa, e ramagem
que cobre uma área de terreno de vinte metros, de qualquer lado.
É o lugar dos idílios dos
namorados, nas horas quentes do dia, enquanto o passaredo, na frescura superior
das folhas, canta o hino convidativo do amor. Uma “saborosa” se encarapitara,
nos primeiros galhos, somente para ouvir e não contar os segredos de Cupido
artimanhoso de casos sentimentais.
De conformidade com o método do
engenheiro Álvaro O. da Silveira, de Minas Gerais, iconoclasta revolucionário,
que pretende provar que a árvore diminui as águas, no seu importante livro
FONTES, CHUVAS E FLORESTAS, o nosso tamboril arranca do solo e atira na
atmosfera, a média de cem litros d”água, em estado de vapor, diariamente.
Este espécimem maravilhoso da
flora brasileira provoca a admiração de todas as pessoas que nos visitam,
louvando o procedimento do povo, na defesa de sua conservação.
Por iniciativa e criação do
presidente da associação Comercial e Industrial de Luziânia e com o apoio da
Prefeitura, de 25 de dezembro de 1972 até 6 de janeiro de 1973, a Prefeitura
Municipal e o Corpo de Bombeiros de Brasília estrelaram sua opulenta copa de
centenares de lâmpadas elétricas multicores, transformando o colosso na MAIOR
ÁRVORE DE NATAL NATURAL DE TODO OMUNDO, EM QUALQUER ÉPOCA DOS TEMPOS.
MENINO JESUS, sorridente e
agradecido, deve ter recebido, lá dos
céus, esta homenagem de seus devotos, com especial carinho, mandando, em
recompensa, as bênçãos de felicidade para velha e tradicional santa Luzia, hoje
Luziânia. ( Do Livro: 100 Contos. Gelmires Reis, pag. 83-84), transcrito por:
José Álfio.
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